Abordagem cirúrgica de prolapso uretral em cão: relato de caso

  • Autor
  • Carmella Bottura Morillo
  • Co-autores
  • Fernanda Regina da Silva , Ketlyn Ribeiro Martins , Isabella de Almeida Fabris , Letícia Santos Goes , Herlem Camila Pinto da Silva , Gabriel Lourenço , Murilo Henrique Dias da Silva , Laís Alves , Paola Castro Moraes
  • Resumo
  • O prolapso uretral é um distúrbio caracterizado pela exteriorização da mucosa uretral através do orifício uretral externo peniano, acometendo principalmente pacientes jovens e raças braquicefálicas. Comumente é observado após excitação sexual excessiva, comportamento de masturbação, traumas prepuciais e infecção do trato geniturinário. Em cães braquicefálicos, a afecção pode estar relacionada a anomalias de desenvolvimento da uretra e aumento da pressão intra-abdominal decorrente de esforços respiratórios. O objetivo deste estudo é relatar o caso clínico-cirúrgico de um paciente canino acometido por prolapso uretral, com evolução de uma semana. Foi admitido para atendimentoum cão, macho, de oito meses de idade, não castrado, da raça American Bully, apresentando estrutura avermelhada e protruída na extremidade distal do pênis, associada a um sangramento intermitente e significativo da região. O proprietário informou que o paciente apresentava um comportamento recorrente de fricção do órgão genital em superfícies. Ao exame físico, os parâmetros fisiológicos se apresentavam dentro da normalidade. Na inspeção da região acometida, observou-se eversão da mucosa uretral na ponta do pênis, com coloração avermelhada e sem presença de tecido necrótico evidente. Os resultados dos exames laboratoriais encontravam-se dentro dos valores de referência para a espécie. Diante do quadro clínico e do histórico do animal, optou-se pela correção cirúrgica como conduta terapêutica, realizando-se orquiectomia seguida da excisão do tecido prolapsado. O procedimento iniciou-se com a sondagem uretral e posicionamento de um dedo de luva estéril na base do pênis atuando como um garrote hemostático, com o intuito de minimizar sangramentos e manter o campo operatório visível. A mucosa prolapsada foi criteriosamente avaliada para delimitação da área a ser removida. A incisão foi realizada de forma circunferencial na porção mais saudável do tecido caudal ao prolapso e executada parcialmente, de modo que, após a incisão de um segmento, imediatamente prosseguia-se com a sutura da túnica do pênis na uretra, evitando sua retração e rotação indevida. As suturas foram efetuadas com pontos de padrão simples separados, utilizando fio monofilamentar absorvível 4-0. O procedimento foi repetido até a completa remoção do tecido prolapsado e sutura final das estruturas. Ao término, o garrote foi removido e uma compressa estéril fria foi aplicada na região com finalidade anti-inflamatória. No pós-operatório, o paciente permaneceu com colar elizabetano, sem sonda uretral, sob administração de analgésico, anti-inflamatório e antibiótico sistêmico. Foi recomendada a limpeza diária da ferida cirúrgica com solução fisiológica 0,9% gelada e repouso. O paciente apresentou evolução clínica satisfatória, com boa cicatrização da ferida cirúrgica e micção preservada. Embora a redução manual da mucosa prolapsada seja uma alternativa em casos de prolapso leve, o tratamento de escolha permanece sendo a ressecção cirúrgica, associado a orquiectomia bilateral. Como complicações cirúrgicas destacam-se hemorragias associadas à micção, infecção e recidivas, especialmente quando o fator comportamental de masturbação é a principal causa desencadeante. Ainda que seja incomum, o prolapso uretral deve ser identificado e tratado precocemente, sendo a intervenção cirúrgica uma abordagem eficaz tanto para a resolução do quadro quanto para evitar recidivas, contribuindo para um prognóstico favorável.

  • Palavras-chave
  • cirurgia urogenital, prolapso uretral, uretra.
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